Acordei nesta manhã como todo bom homem. Ainda no banheiro, enquanto lavava minhas mãos, me olhei no espelho... e lá estava eu: cansado. Cansado de uma vida que começou de verdade no fim da melhor das nossas etapas. Mas sem me abalar saí do banheiro. Caminhei um pouco pela casa procurando meu gato, até que lembrei não ter nenhum. Procurei meus pais e lembrei-me que não estariam aqui a essa hora. Estava só, como na maioria das vezes.
Sentei-me no sofá da sala, coisa que não costumo fazer já que não recebo muitas visitas, e fiquei olhando o porta-retrato antigo que enfeitava a estante. Sorri um pouco, realmente pouco, ao lembrar-me de momentos que aquele porta-retrato me remeteu. Curioso como uma foto pode trazer tantos sentimentos misturados de uma só vez.
Quando percebemos que o tempo está passando depressa e que muitas coisas estão ficando para trás, acho inevitável que tudo venha a tona e acabemos por pensar em tudo em uma explosão de lembranças. Ok, eu sou um saudosista de primeira... mas até que isso faz sentido.
Tive muitos arrependimentos até aqui. Muitos que em sua maioria são irrelevantes, outros que penso que se tivesse sido mais esperto hoje eu não seria o que sou. Dessas lembranças, muitas faço piada hoje em dia... algumas quando lembro, acho que penso demais para encaixar as peças.
Amei algumas vezes, intensamente, com força... algumas vezes sem ser correspondido. Outras vezes amei em silêncio. Fiz sempre tudo de um jeito peculiar demais para que fossem grandes histórias. Para mim tudo soa como um filme de alta bilheteria, mas não passam de fortes devaneios... ou não.
Não trabalhei muito e muito menos corri atrás do que queria. Dependi de pessoas, e isso entra nos arrependimentos. Mas fiz amigos, que talvez nem se lembrem do meu nome. Fiz inimigos, esses sim não devem se lembrar. Criei fábulas, juntei pedras, tive meus ídolos e quem sabe meus fãs. Tudo isso, sem perceber minha barba crescendo, meus medos se juntando... meu ímpeto indo embora.
Em um epicentro de emoções e usando expressões de jogos da minha adolescência termino este lamento, se é que posso chama-lo assim, fazendo minhas as palavras do poeta: Tristeza não tem fim, felicidade sim.
Em poucos dias deixo o pós 19 e sigo para os 9 degraus dos 30. Crise? Pode ser.
Se me encontrar por aí, me deseje sorte. Eu devo precisar.
Current Music: Death Valley 69 - Sonic Youth