quinta-feira, 24 de abril de 2008

Da Lépida Nostalgia

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Às vezes acordo de manhã e vejo a janela embassada, aquela chuva fina e penso: "Puxa, que saco ter que ir pra escola nessa chuva."

Porém a escola já acabou. Eu não tenho que levantar cedo, almoçar correndo e ir desesperado para não perder o primeiro tempo de aula. Toda aquela correria do dia-a-dia colegial já passou. Sem testes, sem provas, sem trabalhos em grupo... e sem meus grandes amigos por perto diariamente. A escola é uma grande fábrica de amigos, isso ninguém pode negar. A maior parte dos grandes amigos que faremos, e que podem durar para a vida, toda serão feitos lá. Na escola.

Normalmente passamos o ginásio inteiro torcendo para que acabe logo a escola e fiquemos livres daquela grande apurrinhação. Queremos logo passar no vestibular para mostrar aos nossos pais que somos capazes e ficar livre dos diretores/cordenadores/inspetores nos enchendo o saco. E assim ter um futuro brilhante livre de incomodos.

Não sinto falta dos dias cansativos de aula de Física e dos imensos tempos de Matemática (para mim aqueles 50 minutos pareciam 50 séculos). Mas sinto falta de coisas que nunca mais terei de novo. A vida muda, as pessoas mudam... antes minha grande preocupação era passar de ano em Química, agora minha preocupação é ter dinheiro e estudo para passar mais anos da minha vida bem financeiramente. Que ironia a vida...

No fundo todos nós só temos um desejo: Ficar eternamente naquela "fábrica de amigos", para podermos ficar reclamando que tudo aquilo é um saco. Fazer grandes amizades, tanto com alunos quanto com funcionarios que nunca sairão de nossas mentes. E daqui a uns 10 anos, olhar para trás e falar:

"Que saudade dos meus 15 anos. Era tudo mais fácil, mas suave, mais solto..."

De fato a vida é uma grande nostalgia. Queria voltar no tempo e viver de novo aquela cena do primeiro dia de aula da 5ª série. Era tudo diferente, assustador e ao mesmo tempo confortável. Tava tudo apenas começando... tudo apenas começando.

... é meu jovem, nossa vida poderia ter um botão "reset". Será que eu faria tudo de novo? E você?


Current Music: Present Tense (Pearl Jam)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Do Ato de Explicar

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Um breve adendo:

Descobri que sou mais idiota do que pensava. Afinal, sou só uma imagem no espelho. Uma imagem que na verdade não sou eu. Mas sim uma imagem que eu quero ver, quero que seja aquela imagem. Somos o que queremos ser, somos o que queremos ver, somo o que queremos ter e crer. Quero crer que posso crer que esse adendo é mais patético que a Elza Soares.

Tenham um bom dia.


Current Music: Would? (Alice in Chains)

Da Interpretação Barata

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Outro estive me perguntando: Sabemos de fato interpretar as coisas?

Na escola costumam ensinar isso. Quer dizer. Não se ensina a interpretar, isso é uma coisa que simplesmente aprendemos. Né?

Mas o que diabos estou falando?! Queria eu ser um grande adimirador do niilismo puro. Saca? Aquele lance de "não há fatos, há apenas interpretações". Isso é fabuloso! Podemos apenas interpretar as coisas da nossa maneira, nada é concreto e sim uma maneira mal interpretada se for algo projetado contra nós. Sempre saímos por cima, saca? Ou não? Mas que diabos! Isso é muito confuso...

Já parou alguma vez na vida para ler algo de Arthur Schopenhauer? Aquela coisa abstrata em excesso às vezes me cansa... parece coisa de maluco.

Tipo:

"Que é que está lendo?"
"Hã?"
"Perguntei o que está lendo."
"Oh, sim. É... Schopenhauer."
"E como está?"
"... é."
"É?"
"É."
"'É' é pra ser o que?"
"Não é nem bom, nem ruim."
"Entendi."
"Não gosto muito dos niilistas."
"Por que não?"
"É tudo abstrato demais, pra mim."
"Nietzsche é legal."
"Você acha, é? 'Não há fatos, há apenas interpretações'?"
"Acho. Acho que interpretamos as coisas de determinadas maneiras e pronto."
"... da maneira que nós queremos."
"... nem sempre."
"O que quer dizer?"
"Que nem sempre interpretamos as coisas como nós gostaríamos que elas acontecessem."
"Aí você está fugindo da teoria."
"Não estou, não."
"Explique-se."
"... não quero."
"Ora, vamos."
"Não quero, pode respeitar?"
"Não."
"Deixe de ser cretino."
"Essa é uma das minhas melhores qualidades. Vamos, explique, estou esperando."
"Não tenho exemplos para usar."
"Que mentira!"
"Pois é."
"Fale logo."
"Eu quis crer que você me amava."
"... e isso não seria um fato, seria meramente uma interpretação."
"Supõe-se que sim; passaria a ser um fato a partir do momento em que eu tivesse provas de tal."

"Você está se contradizendo!"
"... por quê?!"
"Porque se você quis crer naquilo, então você tinha provas para tal; ainda assim, não era fato." "Tem razão, mas não significa que eu esteja me contradizendo."
"Como não?! Estou confuso."
"Eu tinha algumas provas para acreditar naquilo; mas a partir do momento em que não passa de uma tentativa de interpretação, não consta como fato."
"Nem que eu dê provas evidentes tornar-se-á fato, essa é a questão."
"Aí você vai entrar em outra interpretação feita por sua própria conta."
"... me pegou."
"Por isso que Nietzsche é divertido."
"Não é divertido, é meramente idiotice."
"Mas por quê?! Já te provei que faz sentido."
"Não faz, pra mim."
"Explique-me, então."
"Não quero."
"Ora. Eu me expliquei, agora é a sua vez."
"Não exatamente."
"Como assim, não exatamente?"
"Eu sou um cretino, você, não."
"Vai se recusar a dizer?"
"Vou."
"Muito bem, então."
"... você não vai agüentar."
"Vou, sim."
"Não preciso de interpretações para isso, você não vai agüentar, isso é um fato."
"... que calúnia!"
"Estou lhe dando a oportunidade de insistir."
"Isso é psicologia reversa."
"Ha."
"Isso é psicologia reversa suja, o que é pior."
"Isso é Schopenhauer."
"Deixe de ser cretino."
"Você já disse isso."
"Pois estou repetindo."
"Você quem sabe."
"... desisto."
"Te amava. De verdade."
"... é uma interpretação."
"Pois bem, e não deixa de ser minha; portanto, farei dela o que bem entender."
"Então..."
"... a sua interpretação sempre esteve certa."
"Posso acreditar nas provas, então."
"Ou pode simplesmente acreditar em mim."
"Ou isso."
"Posso só lhe perguntar algo?"
"Hã... Pode."
"Por que interpretava assim?"
"Porque assim me convinha."
"Isso eu já sei; convinha-lhe por quê?"
"Porque eu o amava também."
"Mas eu sou um cretino!"
"Um cretino que parecia me amar."
"... tem razão."
"Bom, pelo menos chegamos a um consenso."
"Não exatamente."
"Como não?!"
"Psicologia reversa."
"O que é que tem?"
"Ainda te amo."


... acho melhor voltar a ler Turma da Mônica. É o melhor que faço.


Current Music: The End (The Doors)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Da Liberdade

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É amigo (palavras estilo Galvão Bueno quando a seleção toma um gol) ...

Começo esse texto usando essa frase de desânimo e desesperança do famoso narrador esportivo da Rede Globo de Televisão. Pode ser que assim eu consiga expressar meu desânimo com as coisas... é, coisas no geral.

Na verdade me vejo um cara completamente cansado. Cansado de tentar acreditar nas coisas e nas pessoas. As vezes podemos ver uma luz no fim do túnel, porém sempre tem um infeliz para desligar o interruptor. Talvez o fato de eu ser um pós-adolscente ranzinza que não aceita certas coisas seja um ótimo motivo para esse meu desânimo, mas acredito que essa problemática me acompanha desde os 12 anos. (É eu sempre fui chato.)

Me vejo aqui livre para expor minhas irritações, neuras e queixas da sociedade, mas ao mesmo tempo não tenho tato o sufiente para definir o que me irrita. E cada vez mais vejo nossa liberdade crescendo, mas até que ponto? Será que somos de fato livres?

"Viva a revolução!"

Quanta hipocrisia... quanta mentira. Somos de fato marionetes, bonequinhos, brinquedos dos mandões... os poderosos mandões que controlam nossas vidas medíocres, se eu tivesse uma corda agora colocaria no pescoço (na verdade não, se tivesse essa coragem colocaria uma na cabeça do Cazé da MTV).

A revolução não existe. Aliás, que revolução? Porque lutaram tanto por nós? Se somos apenas boçais querendo escutar Nx Zero e ouvir o Lula dizendo que não existe crise no Brasil? Vamos esquecer isso minha gente! Faustão está aí pra isso! Faustão, Gugu Liberato, Ana Maria Braga... todas pessoas de bem, com sabedoria que nos fazem ter certeza de que o mundo é apenas uma "Dança dos Famosos" e nós, meras marionetes, só dançamos a música que eles botam. Então vamos! Que tal um Funk esperto agora? Vamos Joe, já está tocando!


... preciso de um café forte. Preciso de uma motivação. Me ajude mamãe! Não tenho mais calças para rasgar!


Current Music: Taxman (The Beatles)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Dos platonismos

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Foi-se o tempo em que a troca de olhares fazia tudo mais mágico e mais bonito.


Current Music: Fotossintese (Supercordas)