domingo, 2 de agosto de 2009

Uma curta viagem em barcos de papel



Me lembro que levantei rápido da cama, estava um pouco suado e ofegante como se tivesse feito uma pequena corrida da portaria do meu prédio até a venda de frutas na esquina. Não me lembrava de nada que poderia ter me levado a ficar daquele jeito. Um pesadelo talvez? Quem sabe. Pensei o dia todo, sai para comprar o pó de café, que havia acabado devido a minha pilha de trabalhos para fazer, e então me sentei embaixo da cerejeira, que escurece meu quarto a tarde. Enquanto lia o jornal, que parece estar sempre com as mesmas notícias, fui vagamente me lembrando.

Ontem, eu flutuei. Sim, sai voando. Não, não sou o Superman e muito menos o Ironman. Mas pela primeira vez sai do meu corpo. Deixei de lado minha vida igual, minha rotina igual e meus pensamentos iguais. Resolvi fazer com que tudo fosse diferente naquelas ultimas 24 horas. Estava cansado daquilo tudo, muito cansado.

Entrei no meu banco e conversei com meu gerente. Resolvi tirar todo dinheiro de minha polpansa, aquela que está sem ser mexida desde que nasci. Cerca de 25 mil reais. Peguei todo o dinheiro e a primeira coisa que fiz foi comprar um maço de cigarros. Não, eu não fumo. Mas eu queria que tudo fosse diferente, então traguei me engasguei, cospi e guardei aquela porcaria na polchete (sim, até isso eu quis mudar) e continuei andando. Em seguida comprei uma calça de couro, um oculos escuro no vendedor ambulante que estava na calçada e uma passagem para viajar. Para onde? Não me lembro... só lembro que nevava. Bastante.

Acordei em outro país. Frio. No trem eu sentia apenas a brisa. Trem! Eu amo trem, quando eu era jovem meu avô contava sobre histórias de trem para mim... mas isso não faz diferença. Dancei muito em uma festa qualquer, da qual não fui convidado mas dei um jeito de entrar. Tirei umas fotografias idiotas em uma máquina porcaria, mas que aqui no Brasil seria um máximo se tivesse nas ruas. Toquei guitarra em um barzinho com uma banda de adolescentes bebados, cantei em uma máquina daquelas que aqui na minha cidade eu costumava odiar. Beijei na boca de um travesti, fiz sexo com uma adolescente que talvez fosse uma protituta e depois entrei em uma capela para assistir a missa.

Enfim, voltei para casa. Foi tão rápida a volta que parece até que eu estava ancioso para voltar para casa. Fui recebido pelo meu gato gordo roçando em minhas pernas, o cheiro de mofo no carpete era forte porque havia esquecido as persianas abertas. Conversei um pouco com o porta retrato e liguei a televisão. Descobri que sai do meu corpo, descobri que estava louco mas que pouco isso me importava. Sei lá se isso tudo é uma mentira e se estou realmente esquizofrenico, mas prefiro ficar quieto no meu canto, voltar a minha rotina e continuar acreditando.


Current Music: Insesatez - Fernanda Takai

3 comentários:

Anônimo disse...

acho que você beijou uma adolescente e transou com travesti.. falologo.

Daniel Schettini disse...

AUEhuehuAHEUHE

Mario. disse...

lenda